St Vincent’s Hospital, um dos maiores centros médicos de Sydney, constrói nova unidade para agilizar atendimentos a pacientes que precisam ficar internados por períodos pequenos
Criado em 1857 por cinco freiras irlandesas que imigraram para Sydney, na Austrália, o St Vincent’s Hospital é até hoje um dos sete principais centros médicos daquele país. Na década de 90, havia nove prédios no campus, o maior deles dedicado ao atendimento público da população e outro menor, ao Sul do terreno, que funciona como uma unidade particular. A eficácia desse conjunto poderia ter diminuído bastante não fosse a ampla reforma por que passou, sob comando do escritório Bligh Voller Nield (BVN). Graças a um projeto arquitetônico que privilegiou a integração entre as estruturas pública e privada, o St Vincent rejuvenesceu e ganhou ainda mais eficiência em seus procedimentos.
O foco principal do chamado “programa de revitalização”, que terminou em 2002, era equipar o hospital público com uma unidade de 44.000 m², especializada no atendimento a pacientes que não precisassem ficar internados por mais de um dia e que abrigasse ambulatório, pronto-socorro e enfermarias. Com dez andares, o novo prédio, batizado de Edifício Xavier, foi além do que era esperado. Integrado a duas construções que já existiam no campus – o Ainkenhead e o deLacy –, ele obteve ganhos com o compartilhamento de estruturas administrativas e operacionais, como o setor de nutrição e dietética (SND). “O Edifício Xavier corresponde ao modelo contemporâneo de prestação de serviços, que deixou de ser coercivo para ser a internação de um único dia em que ocorrem diagnóstico, início do tratamento e processos burocráticos”, afirma Sarita Chand, diretora do escritório BVN e responsável pelo projeto.
Cinco blocos antigos foram demolidos e áreas inteiras foram modificadas de lugar para que o prédio mais moderno pudesse ser construído. Seu desenho interno prioriza a facilidade de circulação, com corredores e alas que podem ser ampliadas no futuro – uma demanda cada vez mais comum nos hospitais contemporâneos. Além disso, o projeto também privilegiou a transparência das fachadas, para que a luz natural pudesse entrar e os pacientes tivessem vista para o belo jardim que fica à frente do hospital.
Um dos maiores benefícios trazidos pelo programa foi a adaptação do hospital a uma nova realidade da sociedade atual. Cada vez menos os pacientes precisam ficar longos períodos internados, e os centros médicos devem estar habilitados a oferecer tratamentos clínicos rápidos e ágeis. Para se ter uma idéia, entre 2001 e 2002, quase 29 mil internações foram feitas no St Vincent, sendo que 50% desses pacientes deixaram o hospital no mesmo dia. No mesmo período, houve mais de 500 mil atendimentos a doentes que puderam concluir o tratamento em casa depois de realizado o diagnóstico.
Por isso, o quinto andar do Edifício Xavier foi feito para promover uma sinergia entre setores clínicos dos hospitais particulares e privados, facilitando procedimentos como endoscopia, radiologia intensiva e cateterismo cardíaco. Nos outros pisos funcionam equipamento de raio-x, unidade renal, oncologia e oito unidades de internação. Com isso, a ala privada do hospital também foi beneficiada, porque ganhou um novo laboratório de cateterismo, dois andares de alas de internação e um novo espaço pós-operatório.
Saúde e bem-estar
A remodelação do St Vincent também significou um avanço valioso na humanização do tratamento a pacientes e funcionários. “Arquitetonicamente, é mais do que um simples envelope físico para acomodar complexidades. Além de assegurar que os espaços clínicos fossem amplamente competentes, a BVN colocou a mesma ênfase na criação e aperfeiçoamento de áreas não-técnicas para funcionários, pacientes e visitantes”, diz Sarita.
Foi nesse quesito que os profissionais se apoiaram para aprimorar as áreas de descanso para funcionários tanto do hospital público como do privado. Agora, além de possuirem vista para o jardim, médicos e enfermeiros ficam isoladas dos visitantes e pacientes enquanto fazem um intervalo. Nos terceiro e quarto andares, existe uma lanchonete e área de conveniência, que formam junto com o jardim de entrada um agradável cartão de visitas para os usuários. As cores internas também foram escolhidas para serem leves e claras, e a decoração inclui obras de arte e esculturas.
Num projeto com tamanha amplitude, nem mesmo o estacionamento foi esquecido. A BVN também planejou pisos de estacionamento subterrâneos, que ajudaram a solucionar a falta de vagas na rua Vitória, uma das regiões de maior tráfego de Sydney, onde fica o St Vincent.
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